segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

LER? PARA QUE??

Já se perguntou sobre o porquê de você ler?
Ler para adquirir informações? Ler para passar no vestibular? Ler para comunicar-se com o outro? Ler para entender placas e ver em que direção seguir na estrada?
Cada um possui razões próprias para sua leitura – eu sei. Mas veja só este argumento citado em pleno século XXI: as pessoas lêem pois a escrita é o elo entre estágios de desenvolvimento humano distintos. Parece estranho, mas é a mais coerente, prática e verdadeira explicação que eu já, por sinal, li.
Pense o que seria das Leis Genéticas Mendelianas se Gregor Mendel não tivesse colocado no papel os seus dias de estudo! Provavelmente estaríamos na Idade da Pedra em termos de ciência se isso tivesse acontecido. Talvez, no final do século XIX, o estado cognitivo-psíquico-social da humanidade não comportava as análises de Mendel; em contrapartida, décadas após a morte do monge, esses estudos vieram à tona e puderam, pela leitura, estarem disponíveis aos homens com mais acúmulo de informações, mais aptos e mais abertos às Leis de Mendel.
É interessante saber que, possivelmente, há muitas e muitas linhas “guardadas” em livros esperando para serem entendidas em algum período da história humana. Homens e mulheres, que não foram compreendidos em seus tempos, podem ser lidos em estágios evoluídos do pensamento humano e, desse modo, desvendados e analisados.
Portanto, cuidado se não entender esse artigo! Kkk...
Brincadeira a parte; e, para quem gosta de ler, qual será a descoberta de hoje?


Obs.: Quem me inspirou a escrever a respeito dessa questão sobre o porquê da leitura, foi o professor Paulo Alfredo que, em uma de suas aulas, refletiu: os homens às vezes não são entendidos em seu tempo; às vezes é preciso que alguém leia, anos depois, as obras antes escritas e compreenda os seus conteúdos.

Esse assunto ainda será mais bem estudado.

Quanto vale o trabalho?

O trabalho como criação humana estruturado sistematicamente entre o homem e o Estado a que ele pertence, é recente e, portanto, plástico no contexto em que está inserido. Assim, a constante modelação dos diversos paradigmas que regem a ação de trabalhar e suas conseqüências, perpassa por questões éticas e econômicas que devem ser analisadas em cada estudo sobre o trabalho humano após o Renascimento Moderno do comércio e do antropocentrismo (séculos XIV – XV).
Desse modo, cabe lembrar que a concretização do capitalismo comercial na Europa (refletida no “Novo Mundo”) e a formação dos Estados Modernos, culminaram na proliferação de ideologias da classe burguesa que deteve o poder nesse contexto histórico. Com isso, definiram-se as concepções hoje massificadas de dignificação do homem por seu trabalho, em prol do crescimento do Estado, e a valorização da riqueza material em detrimento às virtudes morais. Sabendo-se disso, pode-se analisar as conseqüências contemporâneas da manutenção da ótica do trabalho burguesa que predominou desde a modernidade até os dias atuais.
Em primeiro lugar, a força dignificante relacionada ao trabalho promoveu e promove uma série de estigmatizações sociais devido à hierarquização das diversas ocupações do homem, que culmina em graus distintos de aceitação social do indivíduo (um catador de lixo que trabalhe dez horas por dia e um juiz que trabalhe as mesmas dez horas são igualmente dignos perante a sociedade?). Além disso, a busca pela riqueza gerada pelo labor fez com que a arte – antes tida como marca de inspirações superiores de certos homens – ficasse atrelada ao mercado de tal forma que o trabalho artístico tornou-se submisso ao mecenarismo e sujeito às ordens do capital.
A partir do exposto acima, conclui-se que, embora a humanidade tenha construído as noções de trabalho na sociedade e essas concepções estejam aptas a mutações; há, hodiernamente, reflexos concretos dos efeitos das formas de labor geridas pela burguesia moderna que atuam na segmentação social e na banalização da criatividade do homem. Assim, a busca do poder material ao invés da busca pela virtude moral, é cada vez mais fixada na sociedade por meio do trabalho, juntamente com as ideologias que o embasam.